Paranóia, conjunto de sentimentos.

Paranóia, conjunto de sentimentos.
Perto do Sol

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Poeta castrado não!

“Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:
Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não! “




Poeta castrado não. Entendam a metáfora como quiserem, toda a gente terá uma interpretação diferente. Não é o poeta que é “castrado”, não é a poesia que é “não fonética”, é o sentimento que é incluído nela. Poderei ser o que quiserem, mas nunca o serei por negação, talvez seja isto o mais correcto. E sim, como o poeta diz, a todos os que como eu, entendem o que escrevo, nada lhes posso dar mais do que aquilo que lhes devo. Tentem compreender o poema, é meio caminho andado para compreenderem o que vem dentro dele :)

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