Paranóia, conjunto de sentimentos.

Paranóia, conjunto de sentimentos.
Perto do Sol

domingo, 5 de junho de 2011

Life.


Luzes, câmaras, nasceu! Mais um 6 biliões de shows, (como quem diz vidas), que vão sendo vividos neste mundo. Mas o episódio de hoje tem um tema, esse tema é o sentido da vida.
                Quando somos miúdos não pensamos nestas coisas, só queremos brincar e ser felizes, mas chega a um ponto em que começamos a nos interrogar e fazer uma reflexão interior sobre qual será o sentido daquilo a que chamamos vida. Agora, passados quase 17 anos do meu nascimento, essa dúvida assola-me. Primeiro, o que é a vida? Segundo a definição “A vida (do latim vita) é um conceito muito amplo e admite diversas definições. Pode-se referir ao processo em curso do qual os seres vivos são uma parte; ao espaço de tempo entre a concepção e a morte de um organismo; a condição duma entidade que nasceu e ainda não morreu; e aquilo que faz com que um ser vivo esteja vivo. Metafisicamente, a vida é um processo constante de relacionamentos.” Para mim, não está totalmente correcto. A vida não se limita ao tempo entre o nascimento e a morte, é muito mais que isso. A vida é aquilo que cada um quiser fazer dela. Assim como o sentido da vida não tem uma definição geral, mas uma pessoal. Eu podia ser um homem estético, e tentar dar à minha vida um sentido através da diversão. Podia ser um homem ético e tornar a minha vida um mar de obrigações, assim como podia ser um homem religioso e dedicar-me a Deus. Mas numa coisa concordo, na vida há, sim, um processo constante de relacionamentos. O ser humano tem uma necessidade enorme de ser amado, e alguns fazem disso o seu sentido da vida, encontrar a sua cara-metade. Nos meus pensamentos, o sentido da vida ainda não é uma coisa certa. Muitas vezes penso que não tem sentido nenhum, outras vezes penso, que talvez um dia o encontre, e isto é influenciado por várias coisas. Como romântico incurável, a maior partes das vezes penso que encontrarei o sentido da minha vida quando encontrar alguém que ame, e que me ame, sem rodeios. Estarei correcto? Não sei. Mas quando vejo o meu futuro, é aí que me vejo, ao lado de quem amo, com os meus (verdadeiros) amigos por perto, a minha família. E ao vê-los felizes, acho que encontrarei o sentido da minha vida, ajudando nessa felicidade. Mas agora, enquanto adolescente, vou tentando dar sentido à minha vida através de quase nada, e ao fim e ao cabo, tudo. Amor, amizade, divertimento, são várias as coisas que me fazem pensar que talvez possamos andar aqui por algum motivo, e não somos apenas mais um ser vivo na cadeia alimentar, mas algo mais. E acho que, se não pensarmos assim, chegamos a um ponto em que achamos que nada disto vale a pena, e desistimos. E eu não quero desistir, porque afinal, é a minha vida, a minha felicidade.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Hope.

"Acordei. Significa que não estou morto (uáu, boa teoria). Mas ao fim e ao cabo, talvez a morte não seja só a física. Eu ter acordado implícita que estou vivo fisicamente, mas os meus pensamentos estão mais próximos da morte do que o meu sorriso deixa transparecer. Levanto-me, faço o que tenho a fazer, e tomo uns antidepressivos quaisqueres. O efeito não tarda, estou mais lúcido. Mas isso não é necessariamente "agradável". Afinal, o eu estar a definhar psicologicamente não será um mecanismo de defesa? Que se foda. Estrago mais um dia da minha inútil vida, a ver tv, beber, e a pensar (em quê? Nela... Em "Nós", apesar de já nem o "Eu e Tu" existir, quanto mais o "Nós", o conjunto). Saiu à noite, sem destino nem propósito. Uma festa. Fixe, mais efeitos nefastos para a minha carcaça. Está animada. A história continua. Uma bebida, duas, enfim. Começo a pensar nela, outra vez. Ela sim, era o verdadeiro sentido da minha vida. Com ela era feliz. Não, não me enganei, ela era mesmo a mulher da minha vida. E perdi-a. Já nada me cativa, acho melhor ir dar uma volta, antes que enlouqueça no meio deste mar de pensamentos, nesta tempestade depressiva e sentimental. Vou pedir uma bebida. Encontro alguns amigos, e avisto-a ao longe.. Isso só acelera a minha auto-destrucição. Não penso em mais nada, e a partir dai, a noite é apenas uma mancha difusa. Acordo no meio de todos, deitado no chão. Alguns olham-me, mas ninguém faz nada, durante um tempo. Ela chega-se a mim, limpa-me a cara e abraça-me. Só consigo dizer: -" Desculpa, não sabia o que fazer sem ti." -"Não te preocupes, eu estou aqui." - Responde ela com aquele sorriso que me enche de esperança." (Da curta, "Madness")

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Escuro.

"Sim, estou-te a escrever uma carta, há antiga. Ao principio eu nem gostava muito de ti, eras só uma tagarela irritante, e nem mostravas muito interesse em mim, o que era insultante. Mas mudou, eu não sei dizer exactamente o momento, mas apenas sei que mudou. Num minuto era impenetrável. No outro, a forma do meu coração batia fora do meu peito. Amar-te tem sido a experiência mais forte, intensa. De facto, tem sido quase impossível de suportar. Como quem te ama, fiz a promessa de te proteger do mundo, não percebendo que ia ser eu a magoar-te. Já não te imagino a falar de mim com orgulho, afinal, sou uma criança no corpo de um homem, e está a ficar escuro."

A carta que nunca te escrevi.

"Querida *,
Se estás a ler isto significa que finalmente tive coragem de enviar. Bom para mim.
Tu não me conheces muito bem, mas quando conheceres vais ver que tenho tendência a falar sobre como escrever é difícil para mim.
Mas isto, nada se iguala á dificuldade que tive em escrever isto.
Não existe um jeito de falar, então cá vai: Conheci alguém.
Foi acidental, não estava à procura.
Foi uma perfeita tempestade de sentimentos.
Ela disse uma coisa. Eu disse outra.
Em seguida eu soube que queria passar o resto da minha vida naquela conversa.

Agora tenho esta sensação no peito. Pode ser ela.

Ela é totalmente louca, de um jeito que me faz sorrir, altamente neurótica.

Bastante manutenção necessária.

És tu, *.

Essa é a boa notícia.

A má, péssima, é que não sei como ficar contigo agora.
E isso assusta-me para caralho.

Porque se eu não ficar contigo, tenho a sensação que vamos nos perder por aí.

É um mundo grande, mau, cheio de reviravoltas.
E as pessoas tem um jeito de piscar e perder o momento.

O momento que podia ter mudado tudo.

Eu não sei o que está a acontecer connosco, e não sei te dizer porque devias arriscar um salto no escuro p'ra gostar de mim mas, porra, tu cheiras bem, como um lar.

E fazes óptimos jantares, isso deve contar para algo, certo?
 
Liga-me, ou não.
(In)felizmente teu, para sempre."

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Estupidez numa aula de Filosofia.

Eu acho que não há uma definição exacta de sentido da vida. Todos chegam a um ponto em que se questionam sobre qual será o sentido da sua vida, e as conclusões a que chegam são, geralmente, individuais, variam consoante a pessoa. Cada um vê o sentido da vida, se é que este existe, da sua própria perspectiva, e esta "visão" é influenciada por várias coisas, como o estado de espírito. Tende a ser algo que impele, que motiva, que tenta justificar o porquê. A meu ver, prende-se mais a cada pessoa ter algo tão valioso, que nada pode comprar, como é a vida, em que pode fazer as suas escolhas, e viver como bem entender. Muitas pessoas refugiam-se na religião e afins para encontrarem esse sentido. Porque, sem Deus, estaram sós e sem desculpas. Quer Deus exista ou não, dele são servos, pois usam-no como algo que dá sentido a esta "viagem" e permite que sejamos mais que meras criaturas animadas. Para nós, adolescentes, a vida é um Sistema Solar de incertezas, um mar de coisas que provavelmente nunca chegaremos a entender. Mas, nos fundo, o interesse no sentido da vida resulta de cada um precisar de algo que o faça andar em frente, e o impeça de desistir. Para mim, cada um deve encontrar o seu próprio "sentido da vida", dentro de si, sem  influências alheias e qualquer tipo de "adultério mental e psicológico".

sábado, 30 de abril de 2011

Menino Jesus

“O guardador de rebanhos” (1911-1912)

VIII

"Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como um fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas –
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes do o ter.

Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás da raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou –
“Se é que ele as criou, do que duvido” –
“Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seria cantores.
Os seres existem e mais nada.
E por isso se chamam seres.”
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
.................................
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-º
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

...................................

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

..................................

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?"


Ouvi esta poema pela primeira vez na "pequena conversa" que tivemos com o Pedro Lamares depois de assistir-mos ao "Filme do Desassossego". Para além do filme, este poema foi uma das coisas que mais me influenciou a querer ler e descobrir mais sobre Fernando Pessoa e a sua escrita. Depois disto, e de tudo o que já li, considero claramente FP como um dos maiores génios da literatura portuguesa e mundial! :)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Existe.


Dás um passo, dois, e olhas para trás. Já não podes recuar no tempo para os alterar, para alterar as tuas escolhas. Sinceramente, muita gente gostaria de voltar atrás no tempo para mudar o que quer que fosse. Mas tivesse eu o poder de realizar esse milagre, e duvido que alguém mudasse o que quer que fosse, duvido que no momento tivessem essa coragem ou essa vontade (porque o que fazemos é o melhor para nós, e para os outros, pensamos). E, seremos uma vez mais uma brisa nocturna sobre o luar, algo agradável (ou não, dependendo da perspectiva, como em tudo), mas que nada muda! E os teus sentimentos reduzem-se à insignificância do seu ser. Não somos perfeitos, para nos aproximar dessa (im)perfeição, temos as experiencias que nos moldam. Meu amor, puro e intocável! Assim eu penso, mas a mudança acontece… Tu nasces e cresces, eu amo-te! Tu erras e fazes sofrer, amar-te-ei para sempre! Dá-me o suficiente para viver, já nem te peço a felicidade, porque em 6 biliões de humanos, porque haverias de te lembrar de mim?! Sonhos todos os temos, ora essa. Mas nem todos somos iguais no que sonha-mos. Sonho com a felicidade, talvez já seja demais. Posso colocar o meu pensamento onde quiser, aqui, na minha cama, ou em Plutão, que tu estarás sempre nele, não é. Não me peçam o que não posso dar, pois eu nunca vos pedi isso, prefiro mil vezes ser odiado pelo que sou, que amado pelo que nunca serei, obstante qualquer sacrifício de espírito! Aqui nenhuma lei do universo se aplica, nenhuma razão pode explicar, nenhum anjo pode salvar, apenas um sentimento correspondido (talvez de novo) pode alterar. Limito-me à pequena segurança que não tenho, e o que nunca tive acabou. E, no fundo, como diz o menino Jesus, nós apenas existimos, por isso nos chama-mos seres.